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Visita ao acervo arqueológico Nova Mutum e UHE Jirau

Data da Publicação: 01/06/2019


No dia 21 de maio de 2019, 24 (vinte e quatro) estudantes do curso de Arqueologia da UNIR, acompanhados pela Museóloga Evânia Barros, pela arqueóloga Glenda Félix e pela Profa. Dra. Silvana Zuse, realizaram uma visita a Usina de Jirau e ao Centro Cultural em Nova Mutum Paraná. Os estudantes, do terceiro, quinto e sétimo período estão cursando as disciplinas de Práticas de Laboratório, que abordam a curadoria e análise de materiais arqueológicos, e de Conservação preventiva e teoria do restauro. Alguns deles são bolsistas de extensão (PIBEC/PROCEA/UNIR), no âmbito do Projeto Arqueologia e Comunidades no rio Madeira, bolsistas de iniciação científica (PIBIC/UNIR) e estagiários nos laboratórios e reserva técnica do curso de Arqueologia da UNIR. Os objetivos da visita foram: conhecer o projeto de Arqueologia desenvolvido na área da usina de Jirau; conhecer o acervo arqueológico dessa área; discutir aspectos da curadoria, restauro e guarda da coleção dessa área. A turma saiu às 08h30 do Prédio administrativo da UNIR, no centro da cidade de Porto Velho, e após passar o dia na usina e no Centro Cultural, retornou às 17h30. Alguns estudantes estavam ansiosos, pois se tratava da primeira viagem de campo desde que ingressaram no curso. 

Na usina de Jirau os estudantes, as técnicas e a professora foram recebidas pela equipe de Meio Ambiente da Energia Sustentável do Brasil S.A. (ESBR), que apresentou uma síntese do Processo de Licenciamento Ambiental na área, com ênfase para a Arqueologia. Na ocasião os/as estudantes tiveram a oportunidade de tirar algumas dúvidas sobre o projeto de Arqueologia, a disponibilização das coleções e dos dados das pesquisas, sobre a relação das comunidades locais com os projetos desenvolvidos pela ESBR e sobre a construção do prédio que abrigará as coleções arqueológicas, no campus da UNIR, em Porto Velho. 

A professora Silvana Zuse enfatizou que o Departamento de Arqueologia acompanha o processo de construção da Reserva Técnica, iniciado em 2013, e está na expectativa do recebimento desse espaço que contará com reserva técnica, laboratórios e espaço para exposição, para que estudantes e professores possam estudar essas coleções e contribuir para a construção da história da região. Acrescentou ainda que, a equipe está preparada para receber as coleções da melhor forma possível, tanto os materiais arqueológicos quanto toda a documentação de campo e laboratório, como fichas de escavações, de curadoria, restauro, análise, fotos, relatórios e outros. Ressaltou ainda a importância do esforço da UNIR em viabilizar essa visita em local distante aproximadamente 100 Km do campus onde os estudantes têm as aulas teóricas.

O registro arqueológico que mais chamou a atenção dos/as estudantes foram as gravuras rupestres em blocos de granito, removidos da área da usina e depositados em um local próximo ao eixo da usina. Apesar desses materiais arqueológicos ainda não terem sido musealizados, a coordenadora da sócio economia Juliana Silva, que acompanhou o grupo, passou algumas informações da proveniência dos blocos e falou sobre a intenção de inseri-los em um roteiro museológico. A professora Silvana conversou com os estudantes sobre os suportes, técnicas e motivos das gravuras, e muitos tiveram a oportunidade de visualizar pela primeira vez os registros rupestres e feições de polimento do rio Madeira. 

Na parte da tarde a turma visitou também a exposição, laboratórios e a reserva técnica no Centro Cultural de Nova Mutum Paraná. Foi recebida por técnicos que trabalharam nos projetos de prospecção, salvamento, curadoria e restauro das coleções, e que atualmente monitoram e acompanham as visitações, os quais contaram sobre a história dessas coleções, que conhecem tão bem. Durante a visitação os estudantes encantaram-se com a beleza e a diversidade de vasilhas cerâmicas, entre elas as urnas funerárias e tampas, e com os líticos polidos, as lâminas de machado e de outras ferramentas elaborados com rochas. Além disso, discutiram com a Museóloga Evânia e com a Professora Silvana, alguns assuntos abordados em sala de aula, sobre a curadoria, restauro, conservação, exposição e guarda desses materiais. Surgiram discussões sobre a importância de aprimorar a exposição dos materiais, através de suportes adequados para as vasilhas, vitrines e textos informativos sobre a proveniência, contextos e características das peças, e de maior divulgação da exposição para que a comunidade de Nova Mutum e o Centro Cultural recebam mais visitações. Além disso, surgiram muitos questionamentos sobre o restauro das peças, tendo em vista que no Brasil há poucos profissionais com formação e experiência no restauro de peças arqueológicas, por isso a maioria dos cursos de graduação em Arqueologia e das instituições de Guarda e Pesquisa ainda apresentam dificuldades no diálogo e formação nessa área. Também surgiram discussões frutíferas sobre o acondicionamento desse acervo, o ambiente de guarda e os equipamentos utilizados para controlar umidade e temperatura. Os funcionários tiraram dúvidas sobre os procedimentos realizados em laboratório, como higienização, numeração e restauro dos materiais arqueológicos, e a equipe de Meio ambiente explicou sobre a disposição dos acervos e o controle dos ambientes de guarda. 

O Departamento de Arqueologia da Universidade Federal de Rondônia (DARQ/UNIR) é a instituição de Guarda e Pesquisa que receberá esse acervo, após a conclusão da construção do prédio no campus em Porto Velho e a equipagem da reserva técnica, laboratórios e área de exposição (complementar). O Gerente de Meio Ambiente e Socio economia da ESBR, Veríssimo Alves, assegurou aos estudantes e profissionais do DARQ, na ocasião da visitação à usina, que as obras serão concluídas em dezembro desse ano e que no início de 2020 será mobiliada, o que gerou grande expectativa na equipe. As coleções e toda documentação de campo e laboratório que serão recebidas pelo DARQ/UNIR poderão ser estudadas em projetos de iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso, mestrados e doutorados. Atualmente a distância da Universidade, onde os estudantes têm aulas, em relação ao Centro Cultural de Nova Mutum Paraná, onde estes materiais estão provisoriamente acondicionados até receberem a Guarda definitiva na UNIR, dificulta a visitação e análise dessas coleções. Porém no espaço da Universidade os estudantes poderão realizar tanto as aulas quanto as análises, em laboratório. 

Em 2019 o curso de Graduação em Arqueologia na UNIR está completando 10 (dez) anos, e ao longo dessa trajetória teve muitas conquistas. A contratação de cinco professores em 2013 e o ingresso de técnicas de diferentes áreas nos anos posteriores incrementou a equipe que até então era reduzida. As disciplinas práticas de campo e laboratório foram sendo implementadas através de parcerias e muito esforço por parte dos professores, técnicas e estudantes. Atualmente o maior desafio é divulgar essa área tão importante e essa história de milhares de anos, estudada pela Arqueologia. Por ser a única graduação em Arqueologia na Amazônia Meridional, o curso possui uma contribuição muito grande na formação de profissionais e na preservação e estudo do patrimônio arqueológico da região. Através de projetos de extensão, com apoio da PROCEA/UNIR, e do diálogo com profissionais de outras regiões da Amazônia e do Brasil, são implementadas ações que buscam divulgar essas histórias para a sociedade.

A visita técnica à usina de Jirau, com o objetivo de conhecer o projeto de Arqueologia e o acervo da área do reservatório daquela usina, gerou experiências e reflexões fundamentais para a formação dos graduandos e para sua atuação como profissionais arqueólogos e arqueólogas no futuro. 

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