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Publicado em: 25/04/2023 10:06:41
Elvis Cayaduro Pessoa (1977-2023)
Nota de falecimento
Emergido em dor, sofrimento e lágrimas que comunicamos o falecimento de Elvis Cayaduro Pessoa, um querido membro da comunidade quilombola do Forte Príncipe da Beira, ocorrido no dia 24 de abril de 2023. Elvis tinha 45 anos. Elvis foi um grande exemplo para todos nós, tanto pela sua dedicação, quanto pela sua resiliência e persistência na luta pelos direitos ligados à sua comunidade e na defesa do patrimônio histórico. Elvis foi uma pessoa notável, conhecido por sua bondade, generosidade e amor pela sua comunidade. Ele trabalhou incansavelmente para preservar a história e a cultura dos quilombolas do Forte Príncipe da Beira, e sua falta será sentida por muitos;
Elvis foi uma liderança da Associação Quilombola do Forte Príncipe da Beira. Tinha um conhecimento admirável sobre o seu território, e travou uma luta incansável pela demarcação e reconhecimento do Território Quilombola do Forte Príncipe da Beira. Lembro-me muito bem, quando no ano de 2019, conversamos sobre o acordo feito entre a comunidade e o exército brasileiro, que passavam por momentos de convívio conflituosos por décadas. O próximo passo seria a homologação do território quilombola, que mesmo com os estudos concluídos, ainda não saiu do papel.
Seus amigos e familiares recordarão com carinho a alegria e a energia que Elvis trouxe para suas vidas. Ele deixa para trás um legado duradouro e uma comunidade que sempre se lembrará dele com amor e gratidão.
Conheci essa incrível pessoa no ano de 2015, quando fui conhecer o Forte Príncipe da Beira. Logo de início tive uma grande empatia por aquele que se tornaria um amigo. Ele me ensinou que o Forte Príncipe da Beira era somente um dos pontos arqueológicos da área. Sob a sua instrução, em pouco tempo, registramos mais de 10 sítios arqueológicos, todos eles inéditos para a arqueologia.
Elvis era uma pessoa com grande capacidade de engajamento, conseguia chamar atenção de muitos para a necessidade da preservação do patrimônio da sua comunidade. Foram diversas as reuniões convocadas por ele, juntando em uma mesma mesa o exército, a comunidade, a universidade e o Instituto do Patrimônio Histórico (IPHAN). Quem sabe isso se de pelo fato de ele ter sido um ótimo contador de históricas. Perdi a conta da quantidade informação que ele gentilmente compartilhou comigo. Infelizmente nossos projetos nunca contaram com financiamento, e tudo o que foi produzido foi pelo amor que ele tinha pelos vestígios arqueológicos.
A sua passagem terrena foi breve, mas seu legado será eterno. Você, querido Elvis, mais do que ninguém, nos ensinou que a memória é a uma arma contra a opressão, que a memória não está presa ao passado, mas é um instrumento capaz de transformar o presente. Para sempre, Elvis, presente!
Carlos A. Zimpel Neto
Chefe de Departamento
Departamento de Arqueologia
Universidade Federal de Rondônia
Fonte: DARQ;UNIR